CELEBRAÇÃO DA CEIA PASCAL
OBJETIVO E ORIENTAÇÕES GERAIS: A idéia é fazer memória da ressurreição de Cristo a partir da ceia judaica. Os símbolos, os gestos, o texto bíblico, a mesa e reflexões, tudo é convite para celebrar com fé a festa da Páscoa a partir da tradição do povo antigo.
MATERIAL PARA A CEIA:
Jarra para água, bacia, toalha para as mãos; castiçais e velas para colocar no centro da(s) mesa(s); ervas amargas (almeirão, rúcula, couve ); carne assada); pão; vinho; copos; bíblia; flores, uva e trigo.
===================================================
(Sentam-se todos em torno da mesa, que pode ser preparada também no chão)
DIRIGENTE: Bem vindos todos. Estamos aqui para celebrar a vida de todos nós. Celebrar Cristo Ressuscitado e dar graças por tudo o que vivemos: alegria e dor, preocupações e prazer, abandono e solidariedade, tristeza e festa, desunião e amor, morte e ressurreição. Juntos vamos dizer como Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, vida em abundância”.
TODOS: “Eu vim para que todos tenham vida, vida em abundância”.
DIRIGENTE: O mundo precisa de paz. É preciso lutar para que os sentimentos de justiça sejam formados nas pessoas. E para que a justiça e a paz se tornem concretas, é necessário perdoar e pedir perdão uns aos outros.
TODOS: PEDIDO DE PERDÃO: Um texto ou um canto de perdão...
COMENTARISTA: O ato de lavar as mãos durante a Ceia da Páscoa significa a purificação interior de todos aqueles que participam do solene ritual. Do mesmo modo, após a apresentação dos dons, no chamado “ofertório” da Missa, o sacerdote repete este ato significativo. Muito provavelmente, foi justamente neste ponto da Ceia que Jesus se levantou e lavou os pés de seus discípulos, dando assim ênfase e expressão ao seu novo “mandamento” do Amor.
DIRIGENTE: Bendito sejas tu, Adonai*, nosso Deus, rei do universo, que nos santificaste com os teus mandamentos e nos ensinaste o ritual de lavar as mãos.
(A seguir, um “SERVIÇAL” passa uma jarra com água e uma bacia para que todos possam
lavar-se as mãos, como sinal do perdão de Deus e de que nos perdoamos uns aos outros)
DIRIGENTE: A luz sempre será um símbolo forte nas nossas celebrações e festas. Hoje, de modo especial, voltamos ao tempo de Jesus, para melhor celebrar as nossas vidas – presente de Deus para cada um de nós.
COMENTARISTA: Nos lares das famílias judias, correspondia à Mãe acender as luzes dos candeeiros e, assim, dar vida e alegria ao ambiente em que se realizavam as solenidades. Podemos supor que, na última Ceia, foi Maria quem o fez. A Igreja Católica, conservando essa bela tradição, inicia a cerimônia da vigília pascal com a “bênção” da luz, símbolo da vinda de Cristo, o Messias, luz do mundo. Também o uso das velas nos altares tem sua origem nesse antigo costume israelita.
(A “MÃE” acende as velas, enquanto. todos ficam de pé)
MÃE: Bendito sejas tu, Adonai, nosso Deus, rei do universo, que nos santificaste com teus mandamentos e nos guiais com amor nesta festa das luzes. Bendito sejas tu, Adonai, nosso Deus, rei do universo, que nos conservaste a vida até o dia de hoje. Que esta casa seja abençoada, ó Deus, e que a luz da tua benevolência brilhe sobre todos nos, trazendo-nos a paz.
(Sentam-se todos)
_______________
* Adonai é o plural de Adoní que significa “Meu Senhor”, nome com que os judeus chamavam a Deus
DIRIGENTE: Na nossa vida nem tudo é tranqüilidade, nem tudo é alegria. Temos preocupações e muitas vezes desanimamos, mesmo sabendo que Jesus nunca nos abandona. Ele mesmo disse: “Coragem, eu venci o mundo”.
(O DIRIGENTE ergue as ervas amargas, enquanto todos perguntam)
TODOS: Qual o significado do marór?
DIRIGENTE: Marór significa erva amarga. Comemos marór para relembrar que os egípcios amarguraram a vida de nossos pais, como está escrito: ”Os egípcios odiavam os filhos de Israel, impunham-lhes a mais dura servidão, e amarguravam-lhes a vida com duros trabalhos na argamassa e na fabricação de tijolos, bem como com toda sorte de trabalhos nos campos e todas as tarefas que lhes impunham tiranicamente” (Ex 1 ,13-14).
(O DIRIGENTE ergue a cremeira com a hárosset, enquanto todos perguntam:
TODOS: Qual o significado da harósset?
DIRIGENTE: A harósset, significa a argamassa e os tijolos que os escravos hebreus eram obrigados a fabricar no Egito. Misturada com o marór, simboliza a própria vida, feita de acontecimentos doces e amargos, mas sempre aberta à esperança.
TODOS: Em tempos de opressão, não falte a esperança da liberdade; em tempos de liberdade, não se apague a lembrança da escravidão.
DIRIGENTE: Vamos tomar das ervas amargas e colocar nelas um pouco da harósset, comprometendo-nos a assumir a vida de cada dia, feita de dores e alegrias.
(Cada conviva embebe uma folha das ervas amargas na harósset)
TODOS: Bendito sejas tu, Adonai, nosso Deus, rei do universo, que por tua vontade nos santificaste e nos ordenaste comer das ervas amargas, temperadas com a tua doçura!
DIRIGENTE: Comemos dessas ervas amargas lembrando que celebrar a vida é ressuscitar, é não deixar o sofrimento nos desanimar. Celebrar a vida é recordar que a fome é causa da morte de tantas crianças e de famílias inteiras. Em seguida comeremos a carne assada, lembrando a perseguição sofrida por aqueles que lutam e que dão a vida em favor do próximo.
COMENTARISTA: “Pão em todos as mesas” é o sonho dos que amam a Cristo. Companheiro é aquele com quem repartimos o pão. Pão é símbolo forte do alimento que sustenta e dá vida. Durante os oito dias da Páscoa, os judeus eram obrigados a usar o pão ázimo (matsá: pão sem fermento) para comemorar a primeira Páscoa, em lembrança da saída do Egito, quando não houve tempo para levedar o pão. Jesus usou também desse pão para instituir a Eucaristia, na Ultima Ceia. É por isso que as hóstias que se consagram, em nossas Missas, também não contém fermento. E é por isso também que São Paulo nos aconselha a celebrarmos a Páscoa “não com o velho fermento da malícia, mas com os pães ázimos da pureza e da verdade” (l Cor 5,8).
DIRIGENTE: Este é o pão do tormento, que nossos pais comeram na terra do Egito. Todos vós que tendes fome, vinde e comei! Todos vós que o desejardes, vinde e celebrai a Páscoa conosco. Permita Deus redimir-nos de todo mal e de toda escravidão.
(O SERVIÇAL serve pão a todos...)
DIRIGENTE: Será servido agora o vinho, que nos leva a fazer memória da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. Vencendo a morte, com sua ressurreição Ele continua presente no mundo e nas nossas vidas. Que o vinho que beberemos nos prepare para a luta, nos alimente na esperança e no compromisso de lutar pela vida.
COMENTARISTA: O vinho era servido quatro vezes durante a refeição pascal, retirado de uma jarra única para todos os convivas, como símbolo de união. Na Ultima Ceia, Jesus serviu assim este primeiro cálice de vinho, dizendo: “Tomai este cálice e distribuí-o entre vos. Pois digo-vos: já não tornarei a beber do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus” (Lc 22,17-18). O terceiro cálice de vinho, foi o “cálice da Bênção”.
TODOS: Bendito sejas tu, Adonai, nosso Deus, rei do universo, que criaste o fruto da videira.
(Dois ou mais participantes servem o vinho. Em seguida, todos comem o pão e bebem o vinho)
COMENTARISTA: A palavra de Deus é alimento para nossa vida, é luz para nosso caminho. Ela nos ajuda a recordar e viver de novo a história dos nossos antepassados, a história do Povo de Deus. Ouviremos a proclamação desta história no Antigo Testamento.
(Entra um jovem trazendo a Bíblia e entrega-a ao dirigente
para que proclame a palavra de Deus (Êxodo 12,1 -14).
COMENTARISTA: Iluminados pela palavra que ouvimos e pelos gestos que vivenciamos, vamos agora expor a “charada cumulativa”, síntese da tradição judaica:
DIRIGENTE: Você sabe o que quer dizer UM?
TODOS:...... UM é Deus, Senhor do céu e da terra. DIRIGENTE: Você sabe o que quer dizer DOIS?
TODOS:...... DUAS são as tábuas da Lei. UM é Deus, o Senhor do universo.
DIRIGENTE: Você sabe o que quer dizer TRÊS?
TODOS:...... TRÊS são os Patriarcas DUAS são as tábuas da Lei.
UM é Deus, o Senhor do universo.
DIRIGENTE: Você sabe...
TODOS:...... QUATRO são as Mães de Israel CINCO são os livros da Torá*
SEIS são as partes da Mishná**
SETE são os dias da semana.
OITO são os dias para a circuncisão.
NOVE são os meses necessários para dar à luz.
DEZ são os mandamentos
ONZE são as estrelas do sonho de José
DOZE são as tribos de Israel
TREZE são os atributos de Deus
DIRIGENTE: O Senhor nos abençoe e nos guarde. O Senhor nos mostre a sua face e nos conceda a sua graça. O Senhor volte para nós o seu rosto e nos dê a paz.
TODOS: Amém. Amém. Aleluia! Aleluia!
DIRIGENTE: Unidos nesta Ceia Pascal da partilha do pão, vamos dar-no o abraço da paz.
CANTO FINAL...
______________
* Torá é como um manual de comportamento dos judeus, composto pelos 5 livros atribuídas a Moisés.
** Mishná é uma compilação da tradição rabínica feita no primeiro século da era cristã.